23 de agosto de 2014

No Regrets

...escrevo com a mão direita enquanto o meu braço esquerdo segura o meu «mais que tudo», o meu filho , que serenamente me dorme ao colo... (como enche a alma escrever, dizer uma palavra tão pequena - filho - sobre um ser que reflecte, gera, um sentimento tão grande e um amor tão maior)
...e um flash back intercalado por imagens de «o que poderá vir a ser» me invadem, me inundam , me assaltam... quase me rasgam com um sabor agri-doce...
Há momentos que temos nas nossas vidas vontade de dizer «basta», de mudar, de um turning point, em diferentes frentes em simultâneo e por vezes a gestão de todo o turbilhão é dolorosa e quase cruel porque, no meu caso pelo menos, levantam poeiras velhas e «esquecidas» (ou não tão esquecidas...), alicia-nos a não querer «largar » coisas e pessoas que nunca foram nossas, que nos fazem mal ou no mínimo não nos fazem bem, momentos que nos convidam talvez a renunciar a esse querer «mais», a essa ambição de não querer ser comum, medíocre, normal... ou melhor normal é bom! mas não sub normal como ao que tantos se acomodam ... momentos em que por não nos deixarmos aliciar por essa  mudança para parâmetros e pessoas mais adaptados, controlados e defensores também de regras suaves, de regras  seguras seja profissional ou pessoal, no amor ou na perspectiva de futuro, tudo se põe em causa ainda que apenas em flashes mas que nos fazem tal como hoje parar... e pensar...

Ontem alguém me enviou umas frases que provocaram este fim de sábado inquieto, grato e... tranquilizador!

(...) porque é que havia de me sentir sozinho? raras vezes na minha vida, desde que me lembro de mim, tive um sentimento de solidão. e não me sinto mal na minha companhia, divertimo-nos muito os dois, eu e eu. não me aborreço. (...)
(...) aos 40, sei que a 'felicidade' é uma hipótese estatisticamente improvável  ou efémera . aos 40 anos, vivo com 'expectativas diminuídas', diminutas, em diminuição. já sei que não sou melhor nem pior do que os outros, sei ao milímetro aquilo que valho, sei perfeitamente que não vou deixar vestígio, que desapareço quando morrer a última pessoa que me conheceu. e nada disto é trágico. pessimista e misantropo, é verdade que que vou ficando sozinho. mas, aos 40 anos, não compreendo esse medo de ficar sozinho, que me inquietava ainda aos 33. (...)
(...) ficamos sozinhos quando somos exigentes. ficamos sozinhos quando não mentimos.
ficamos sozinhos quando defendemos as nossas convicções. é um preço que estou disposto a pagar. e há, digamos, dez pessoas de quem gosto, dez pessoas sobre quem não me enganei, e dez pessoas é um mundo.." (...)
frases de Pedro Mexia e Lobo Antunes

Tanta verdade que dói!

A ignorância é bem melhor companheira para quem ambiciona uma vida tranquila... o «caminho caminhado» leva-me sempre à imagem de um miradouro em que de longe e do alto podemos ver cada «luzinha» piscando - cada momento, desafio, lição ou pessoa importante nas nossas vidas - , em que do alto e sem dramas nem sofrimento, sem paixões nem euforias, vemos como se pagam e se acendem várias dessas «luzinhas»... é isso a vida! - novos desafios, velhos que se acabam, novas pessoas, pessoas que se vão,... - , e nesse miradouro aprecia-se esse jogo dessas mesmas «luzes», a beleza do reflexo nos rios que correm, as torres e outros contornos da cidade em que a lua se esconde e atrás dos quais vaidosamente se mostra também.... e o apreciamos tanto mais quanto maior e mais iluminada é essa imagem... cada pessoa, cada momento, cada desafio, cada loucura, cada paixão, cada conquista...

Tanta verdade que dói!

... e não há conclusões fundamentalistas a que se possam chegar... é constante a mudança e deve ser também a adaptação à mesma...

Hoje treino e canto e amanhã espero, como figura principal, dançar a canção da minha vida, sozinha e exigente e/ou  acompanhada da multidão de 10, mãe, mulher, filha, amiga, neta, irmã, amante - My Way! My own way!



22 de agosto de 2014

Poesia Roubada.... How Does It Feel?

Não me apetece escrever... não me sento a tentar...
não consigo parar de ansiar mais e mais de tudo... de música, de poesia, de «essas coisas» que nos inquietam e nos ... inspiram (talvez)...
... e então vou «roubando» e «partilhando» algumas de outros como esta.
É tão perfeito... a letra, a música, ouvir-se «lá longe» o saxofone... ela, a expressão, o pé descalço... até a cor do vestido!
Acho que se é mesmo verdade: if love had a sound, this would be it!

Poetry: How Does It Feel? 
Akua Naru

if love had a sound, this would be that sound. love. love, we would be the band to play it. my ghetto butterfly flew away from me, i wait patiently. by windows and doorsteps, play make believe as my tears pour to my chest. won't succeed to breathe if not the hear of you. surely there hasn't never been a shade so blue. a stank attitude, so not mad at you. not a magnitude to encompass the latitude of my love for you. no space or time compatible. what do i have to do. what do i have to do. my friends say i got it bad for you. i do. but there's nothing in this world i would rather do, but you.

hey, i want to make love to your existence. drenched in the colors of your energy, then masturbate to the memories. i wanna lose myself inside yourself. until you find me, confine me, to the freedom, of your prison. exist in the same space, same time. combine. until your thoughts slow grind with mine.combine. until your thoughts slow grind with mine. combine. until your thoughts slow grind with mine.

my, i want to drink the sweat off your intellect. reflect, and watch your light passion off my neck. caress the sight of your presence with no question. undress, to the nakedness of love, pure love. i want to make love to my soul mate. my soul mate. make love to my soul mate. my soul mate. make love to my soul mate. shit.

i wonder how does it feel to make love to your soul mate. kind of like writing poetry till climax. till the point and place where our space and time match, and we, cross divine paths. tell me would you like that. how would like that. tell me would you like that. now would you like that. tell me would you like that. would you like that. tell me.

i wanna love you more than madly. wrap these legs, around your words. until your speech is straddled deep, gladly. swim the currents of your vibrations. be separate and one. with the same meditation. with the same meditation. this is poetry.






13 de agosto de 2014

Fare Thee Well

Fare thee well my bright star
 I watched your taillights blaze into nothingness
 But you were long gone before I ever got to you
 Before you blazed past this address
And now I think of having loved and having lost
 You never know what it's like to never love
 Who can say what's better and my heart's become the cost?
 A mere token of a brighter jewel sent from above
Fare thee well my bright star
 The vanity of youth the color of your eyes
 And maybe if I'd fanned the blazing fire of your day-to-day
 Or if I'd been older I'd been wise
But too thick the heat of those long summer evenings
 For a cool evening I began to yearn
 But you could only feed upon the things which feed a fire
 Waiting to see if I would burn
Fare thee well my bright star
 It was a brief brilliant miracle dive
 That which I looked up to and I clung to for dear life
 Had to burn itself up just to make itself alive
And I caught you then in your moment of glory
 Your last dramatic scene against a night sky stage
 With a memory so clear that it's as if you're still before me
 My once in a lifetime star of an age
So fare thee well my bright star
 Last night the tongues of fire circled me around
 And this strange season of pain will come to pass
 When the healing hands of autumn cool me down
 

 

11 de agosto de 2014

"Em busca de um homem sensível" - Anais Nin

 «No último ano passei a maior parte do meu tempo nas Universidades, em companhia de mulheres jovens que preparavam suas teses de doutoramento sobre a minha obra. A discussão sobre o meu Diário sempre desembocava em conversas íntimas e pessoais sobre as suas próprias vidas. Assim, percebi que os ideais, os fantasmas e os desejos dessas mulheres estavam passando por uma transição. Inteligentes, bem-dotadas, integradas nas atividades de seu tempo e na criação, elas pareciam já ter superado a atração exercida pela concepção convencional da virilidade. Elas já tinham aprendido a criticar o "macho" autentico, com sua falsa masculinidade, sua força física, sua aptidão para o esporte, sua arrogância, e o que é mais grave, sua falta de sensibilidade. O herói de O Último Tango em Paris causava-lhes repulsa. O sádico, o homem que humilha a mulher para demonstrar um poder de fachada. Os chamados heróis, como na literatura de Hemingway ou Mailer, essa força ilusória. É o que denunciavam e recusavam essas novas mulheres, inteligentes demais para serem enganadas, muito espertas e orgulhosas para se sujeitarem a esse aparato de poder que, em vez de protegê-las (como acreditavam as gerações anteriores), comprometia suas existências individuais. Elas se voltavam para o poeta, o músico, o cantor, seu colega de estudos sensível - o homem natural, sincero, sem arrogância, sem ostentação, interessado pelos valores reais e não pela ambição, aquele que odeia a guerra, a cupidez, o mercantilismo e o oportunismo político. Enfim, um novo tipo de homem para um novo tipo de mulher. Eles se ajudaram um ao outro na Universidade, dedicaram-se poemas, cartas íntimas onde se abriam um ao outro, eles reconheceram o valor de seu amor, consagraram-lhe tempo, atenção e cuidados. A sensualidade impessoal nunca os interessou. Ambos desejavam fazer apenas o que gostavam. Encontrei muitos casais que cabiam nessa descrição. Um não dominava o outro. Eles partilhavam as diferentes tarefas, cada um executando a que mais lhe convinha, sem papeis fixos ou limites. A gentileza era seu traço comum. Não havia "cabeça" do casal nem responsável pelo sustento da casa. Eles aprenderam a arte sutil tão humana da oscilação. Força e fraqueza não são qualidades imutáveis. Todos nós temos nossos dias de força e de fraqueza. Eles tinham a noção da harmonia, da maleabilidade, da relatividade. Cada um contribuía com o seu saber e suas próprias intuições. Nesses casais não há guerra de sexos. Nem contratos baseados nas regras do matrimonio. A maioria não sente necessidade de se casar. Alguns desejam filhos, outros não. Ambos têm consciência da função do sonho - não como um sintoma de neurose, mas como indicadores da nossa natureza secreta. Eles sabem que um e outro têm qualidades masculinas e femininas. Algumas destas mulheres eram objetos de uma nova angustia. Como se, tendo vivido tanto tempo sob o domínio direto ou indireto do homem (que determinava seu estilo de vida, seus modelos e deveres), elas tivessem se acostumado; e quando isso acabou, que elas estavam livres para tomar decisões, mudar, exprimir seus desejos e dirigir suas próprias vidas se sentiam como barcos sem leme. Vislumbrei essas duvidas em seus olhos. Será que elas deveriam considerar a sensibilidade como gentileza excessiva? A tolerância como fraqueza? Faltava-lhes essa autoridade, essa coisa mesma contra a qual tinham lutado tanto. Afinal, a rotina se instalara há tanto tempo. Mulheres dependentes. Algumas independentes, mas tao poucas em relação às dependentes. E a oferta de um amor total era tão rara. Um amor sem egocentrismo, sem exigências, sem restrições morais. Um amor que não definisse as obrigações das mulheres (você tem de fazer isto e aquilo, me ajudar no meu trabalho e apoiar e estimular a minha carreira). Um amor eqüitativo. Sem tiranias nem ditadores. Estranho. Todo novo. Como um país novo. Não se pode ter ao mesmo tempo dependência e independência. Podemos alterná-las, de tal modo que elas cresçam sem entraves nem obstáculos. O homem sensível tem consciência das necessidades das mulheres. Ele procura deixá-la existir por si mesma. Mas às vezes as mulheres não percebem que os elementos que lhes faltam são exatamente os que impediam sua expansão, sua mobilidade, sua evolução. Elas confundem sensibilidade com fraqueza. Talvez porque falte ao homem sensível a agressividade do "macho" (agressividade que o empurra para a política, os negócios, às expensas de sua vida familiar e das relações pessoais). (...) A antiga posição do homem obcecado pelos negócios, cuja duração da vida era reduzida por uma constante tensão nervosa e terminava com a aposentadoria, foi completamente transformada por uma jovem esposa que encorajava seu "hobby", a pintura, a ponto de levá-lo a se aposentar mais cedo, para poder se dedicar à arte e às viagens. Nestas situações, nota-se um esforço para conciliar os interesses, em vez da antiga insistência imatura nas diferenças irrecuperáveis. Com a maturidade vem a convicção de que as atividades se interligam e alimentam umas às outras. Uma outra fonte de espanto para a nova mulher é a constatação de que muitos dos novos homens não têm mais aquela antiga ambição. Eles não querem perder sua vida à procura da fortuna. Querem viajar enquanto são jovens e viver o presente. Encontrei-os viajando de carona na Grécia, na Itália, na Espanha e na França. Eles viviam totalmente o presente, e aceitavam a fadiga em nome das aventuras vividas. (...)
 A pergunta que as mulheres jovens mais me fazem é a seguinte: como pode uma mulher criar uma vida própria quando é a profissão do marido que comanda sua maneira de viver? Médico, advogado, psicólogo ou professor, é a profissão do marido que determinará o lugar onde devem morar, e, portanto o meio onde conviverão. A conhecida pintora e professora Judy Chicago descobriu, num estudo sobre pintoras, que, enquanto todos os homens tinham seus ateliês separados da casa, as mulheres eram obrigadas a trabalhar na cozinha ou em outra peça da própria casa. Mas muitas mulheres levaram ao pé da letra o titulo de Virginia Woolf, A Room of One's Own (Um Quarto só para Si) e alugaram ateliês separados da residência familiar. Um casal que vivia numa casa de uma só peça instalou uma tenda no terraço para a mulher poder escrever. Mesmo o sentimento de "ir trabalhar", o ato físico de se separar, o sentido de valor que o isolamento confere ao trabalho, tornam-se um estimulo e ajuda. Criar uma nova vida não significava para elas um afastamento ou uma separação. É impressionante como qualquer ruptura ou separação comporta, para a mulher, uma idéia de perda, como se o cordão umbilical simbólico ainda comandasse a sua vida afetiva, como se cada ato constituísse uma ameaça à unidade e aos vínculos. Esse temor próprio das mulheres e não dos homens, foi-lhes, no entanto, inculcado pelos homens. Levados pelas ambições, absorvidos e submersos pelas suas profissões, os homens sempre se separavam de suas famílias e estiveram menos presentes juntos aos filhos. Mas o que aconteceu com eles não tem necessariamente de se reproduzir com as mulheres. São nos sentimentos que residem os vínculos indissolúveis. Não nas horas passadas com o marido e as crianças, mas na qualidade e na plenitude dessa presença. O homem está quase sempre fisicamente presente e mentalmente ausente. A mulher é bem mais capaz de deixar de lado o seu trabalho para se consagrar a um marido exausto ou a um dedo machucado de um filho. (...) Para a nova mulher, assim como para o novo homem, a arte de aliar e conciliar interesses opostos será um desafio. As mulheres de hoje não querem mais um marido inexistente, casado com o Big Business; elas estão dispostas a aceitar uma vida mais simples, que lhes permita aproveitar mais um marido cujo sangue não foi sugado pelas grandes companhias. As novas mulheres renunciam cada vez mais ao luxo. Gosto de vê-las vestidas com simplicidade, descontraídas, naturais, sem máscara. Mas a fase de transição colocou um problema delicado para as mulheres: como deixar de ser dominada, sem identidade, como se unir ao outro sem perder sua identidade? O novo homem tem ajudado bastante porque ele também quer mudar, passar da rigidez à flexibilidade, da mentalidade atrasada a uma mentalidade aberta, dos papéis desconfortáveis à ausência tranqüila de papéis. Uma jovem recebeu certa vez um convite para ser professora em outra cidade. O casal não tinha filhos. O jovem marido disse: "Vá, se é isso que você quer". Se ele não tivesse concordado com essa proposta, que lhe permitia avançar na carreira, ela teria se ressentido. Como ele a deixou partir, ela pensou que ele não a amava o suficiente para retê-la. Ela partiu com a impressão de estar sendo abandonada, e ele também ficou com a impressão de ter sido abandonado. Esses sentimentos ficaram completamente inconscientes. Esta separação de quatro meses poderia ter causado uma ruptura. O que só não aconteceu porque eles acabaram falando sobre esses sentimentos e rindo de suas ambivalências e contradições. Se no inconsciente ainda temos reações impossíveis de controlar, poderemos pelo menos impedi-las de nos prejudicar no presente. Se ambos, inconscientemente, ainda podiam ter medo de serem abandonados, tinham de descobrir um de se libertar do seu comportamento infantil. Escravos de seus terrores infantis, eles nunca teriam podido deixar suas casas. Ao confessarem seus temores, acabaram rindo dessa inconseqüência: querer ao mesmo tempo ser livre e controlado pelo outro. Em geral, a afirmação das diferenças na nova mulher emergente está fortemente marcada por uma impressão de dissonância e de falta de harmonia, mas trata-se apenas de um problema de relações, como na relação entre arte ciência, ciência e psicologia ou religião e ciência. Não são as semelhanças que criam harmonia, mas a arte de combinar entre seus variados elementos que enriquecem a vida. As atividades profissionais costumam exigir um excesso de concentração, o que limita a experiência pessoal. A introdução de novas correntes de pensamento, ao alargar o campo de interesses, é benéfica para homens e mulheres. Talvez certas mulheres novas e certos homens novos tenham medo da aventura e da mudança. Margaret Mead, que procurou um marido que partilhasse de sua paixão pela antropologia, acabou tendo de se dedicar ao estudo do nascimento e da educação das crianças, enquanto o marido se consagrava aos mitos e lendas das tribos. Um interesse comum nem sempre é sinônimo de igualdade. Todos carregamos dentro de nós a semente das ansiedades infantis, mas a vontade de viver com os outros em perfeita harmonia levou-nos a aprender a "integrar as diferenças". Quando observo esses jovens casais, que resolveram os problemas colocados por esta nova consciência e pelas novas posições, sinto que talvez estejamos chegando a uma era de humanismo em que as diferenças e desigualdades serão vencidas sem guerras. Yoko Ono propôs a "feminização da sociedade. A utilização das qualidades femininas como força para mudar o mundo... Evoluir em vez de se revoltar". A capacidade de empatia que os novos homens tem demonstrado com relação as mulheres vem da aceitação, por sua parte, do aspecto afetivo, intuitivo, sensorial e humano de seu próprio comportamento. Eles se permitem chorar (um homem nunca chora), expor sua vulnerabilidade, confessar seus fantasmas e partilhar a sua mais profunda intimidade. Certas mulheres estão confusas com esse novo convívio. Elas ainda não perceberam que para chegar a empatia é preciso sentir até certo ponto o que o outro sente. Isto significa que, se a mulher pretende afirmar sua criatividade e seu talento, o homem tem de demonstrar, por sua vez, sua aversão pelo que se esperava dele no passado. Esse novo tipo de homem jovem que tenho encontrado adapta-se muito bem a nova mulher, mas ela ainda não sabe apreciar completamente sua ternura, sua proximidade cada vez maior com a mulher, seu desejo de semelhança e não de diferença. Todo povo que viveu algum tempo sob uma ditadura em geral é incapaz de se governara si mesmo logo em seguida. Esta incapacidade é transitória: ela pode significar o início de uma vida e de uma liberdade totalmente novas. Aí está o homem. Ele é igual a você. Ele a trata como um igual. Nos momentos de incerteza você ainda pode discutir com ele certos problemas sobre os quais não poderia falar a vinte anos atrás. Como eu costumo dizer as mulheres de hoje - sobretudo não confundam sensibilidade com fraqueza. Esse erro quase levou nossa civilização a ruína. A violência foi confundida com o poder, e o abuso do poder com a força. A submissão ainda aparece em filmes, no teatro, nos meios de comunicação. Gostaria que o herói de O Último Tango em Paris tivesse morrido logo. E ele só morre no fim do filme. Toda a duração de um filme! Será que as mulheres precisarão de tanto tempo para perceber o sadismo, a arrogância, a tirania, tão dolorosamente presentes no mundo, na guerra e na corrupção? Iniciemos uma nova era de honestidade, de confiança, sem falsidade nas nossas relações pessoais; a história do mundo e o desenvolvimento das mulheres sairão ganhando.»

Anais Nin, "Em busca de um homem sensível", Publicado em Playgirl, Setembro de 1974
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